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Espelho, espelho meu: quem sou eu sem filtro?

A pressão estética nunca foi tão intensa — e tão silenciosa. Em uma era de corpos irreais e rostos editados, o que resta da nossa autoestima?

De Mel Ferreira

05 de Julho de 2025

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Olhe ao redor ou melhor, deslize o dedo. Corpos definidos, pele sem poros, rostos milimetricamente simétricos. Basta abrir o Instagram, o TikTok ou qualquer rede social para se deparar com padrões estéticos quase inalcançáveis. E o que antes era exceção (como celebridades com acesso a procedimentos e tratamentos exclusivos), agora virou rotina com filtros, edições e influenciadores que vendem uma estética de perfeição muitas vezes falsa.

A era digital transformou o corpo humano em uma vitrine, onde likes, seguidores e engajamento estão diretamente conectados à aparência. Jovens e adultos se veem comparando seus corpos reais com imagens irreais, gerando um ciclo perigoso de insatisfação, baixa autoestima e, em casos mais graves, transtornos alimentares e busca por procedimentos arriscados.

Um dos exemplos mais recentes é a ceratopigmentação — uma cirurgia estética para mudar a cor dos olhos que é proibida no Brasil, mas que virou tendência entre influenciadores. O risco? Complicações oculares graves, incluindo perda da visão. Mesmo assim, há filas e mais filas para realizá-la em outros países.

Estamos vivendo a era do corpo modificado, onde a pressão estética não parte mais só da mídia tradicional, mas de nós mesmos e dos nossos espelhos digitais. É o efeito “eu deveria estar melhor”, “por que meu nariz é assim?”, “por que minha barriga não some?”. Perguntas silenciosas que corroem por dentro.

Segundo especialistas, essa constante exposição a padrões inalcançáveis altera a percepção que temos de nós mesmos. Em vez de aceitarmos nossas particularidades, passamos a rejeitá-las — e a autoestima se fragmenta. Mais do que nunca, é urgente falar sobre educação estética, autenticidade e saúde mental.

A beleza não deveria ser uma prisão invisível, nem um requisito para existir. A beleza deveria ser apenas uma parte e não o todo de quem somos.

Porque no fim, o que realmente importa é a beleza interior — aquela que não se edita, não envelhece e não precisa de filtro para brilhar.

 
 
 

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